quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Conversa

Anteontem, por horas mortas,
saía  de um teatro. Rua central da cidade,
deserta há essa hora avançada da noite,
vi sentada uma menina.

Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E as vozes sobem claras, cantantes, luminosas como astros.
Permitem que um instante repouse na calma das Ideias.

E a sua meia-língua infantil, espanholada,
disse-me cousas que ainda agora me doem dentro do coração.
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la.
O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão.
Segui o meu caminho, com a morte na alma.

E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.





Grupo: Rhana-Rômulo-Samantha

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