quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A intertextualidade entre as obras

 
A intertextualidade pode ser entendida como um texto embasado no outro, ou até mesmo a capacidade de relacionar textos com assuntos semelhantes. A crônica de Olavo Bilac ”Trabalho Feminino” , uma parte do soneto XIII via láctea Olavo Bilac, e uma parte do livro “ Missal ” no capitulo “Mulheres” de Cruz e Souza, nestes três pode-se perceber um assunto que predomina sobre os outros, a o amor pela mulher.
Embora não tão claro este amor pela mulher no soneto de Olavo Bilac, está subentendido em seu verso que diz sobre amar as estrelas para entendê-las, podendo relacionar com as mulheres, pois sempre dizem que são complicadas, e mesmo assim não conseguindo viver sem elas. Seguindo a ideia de que os homens não podem vivem sem elas, Olavo Bilac também trata do sentimento de necessidade para com as mulheres, em sua crônica ”trabalho feminino”. Neste trabalho de Olavo Bilac, ele conta a historia do sofrimento das mulheres, em especial de uma mulher que lhe foi negado o requerimento para entrar em um concurso para o Ministério da fazenda, com argumentos apenas por que era mulher. No tempo em que a sociedade era machista, e quando os homens não reconheciam o valor das mulheres, embora enalteça  a força, o trabalho que a mulher representa, principalmente em casa, com seu afeto e trabalhos domésticos e cansativos, sendo esta também uma visão machista.
Na crônica de Bilac também havia uma idealização da mulher, da heroína que era a rainha do lar, e que tinha totais condições de trabalhar de igual com o homem, mulher esta que nunca para de trabalhar. Que é necessária apesar de renegada, e nesta necessidade reside a intertextualidade do capitulo “Mulheres no livro ”Missal” de Cruz e Souza.  Os autores exaltam e endeusam uma mulher na visão dos artistas, que observam bem suas curvas e todas as suas características, tratam dedo conhecimento da necessidade carnal e amorosa da mulher para ser feliz. Disserta da importância da fecundidade, do “pólen da vida”, assim como a complexidade da mulher tratada também no soneto, que também embora complexa e múltipla, sempre indispensável, e em relação à crônica de Bilac, Cruz e Souza também fala sobre a facilidade com que as mulheres trabalham e resolvem as coisas.
Olavo Bilac E Cruz e Souza em suas obras discorrem sobre as mulheres de forma que suas ideias  converge em um ponto em comum, o fato de que mulher é sinônimo de amor e força, que não deve deixar de se impor e lutar por seus direitos de trabalho, como na crônica de Bilac, e ter noção de sua importância, como a exaltação da mesma no livro “Missal, e assim saber que impossível viver sem ela, a mulher. 
 
Referencias:
http://www.consciencia.org/trabalho-feminino-cronica-de-olavo-Bilac
http://literandocpm.blogspot.com.br/2010/10/via-lactea-soneto-xiii-olavo-bilac.html
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/missal-1.htm#oas
 
 
Grupo:
- Clara Emanuelle
-Nayara Guimarães
- Raphael Vieira

Apresentação musical em vídeo.

 
Letra da música:

 
De outras sei que se mostram menos frias,
Amando menos do que amar pareces.
Usam todas de lágrimas e preces:
Tu de acerbas risadas e ironias.

De modo tal minha atenção desvias,
Com tal perícia meu engano teces,
Que, se gelado o coração tivesses,
Certo, querida, mais ardor terias.

Olho-te: cega ao meu olhar te fazes...
Falo-te - e com que fogo a voz levanto! -
Em vão... Finges-te surda às minhas frases..

Surda: e nem ouves meu amargo pranto!
Cega: e nem vês a nova dor que trazes
À dor antiga que doía tanto!
 
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
 
 
Grupo:
- Clara Emanuelle
-Nayara Guimarães
- Raphael Vieira
A Caminho de Canudos

Narrador (Gustavo):
- Em mais uma de suas noites de tormentas, o eterno solteiro e príncipe do parnasianismo, via o dia raiar na sua triste solidão. Ao olhar para as estrelas usa da personificação das mesmas para descrever o seu grande amor perdido – Amélia de Oliveira -, seu vocabulário precioso e rimas ricas para criar ali um soneto:
Olavo Bilac (Fernanda):
- “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

Narrador (Gustavo):
- Como nascer do dia, acorda Cruz e Souza, com o entusiasmo de quem possui uma intuição nova e grande sobre a realidade geral. Ainda que esse seu pensamento possua grandes afinidades com a filosofia de Schopenhauer, há ali um otimismo, que traz uma esperança no final.
Cruz e Souza (Macksine):
- Sol, rei astral, deus dos sidérios Azues, que fazes cantar de luz os prados verdes, cantar as águas! Sol imortal, pagão, que simbolizas a Vida, a Fecundidade! Luminoso sangue original que alimentas o pulmão da Terra, o seio virgem da Natureza! Lá do alto zimbório catedralesco de onde refulges e triunfas, ouve esta Oração que te consagro neste branco Missal da excelsa Religião da Arte, esmaltado no marfim ebúrneo das iluminuras do Pensamento.
Permite-me que um instante repouse na calma das Idéias, concentre cultualmente o Espírito, como no recolhido silêncio das igrejas góticas, e deixe lá fora, no rumor do mundo, o tropel infernal dos homens ferozmente rugindo e bramando sob a cerrada metralha acesa das formidandas paixões sangrentas.
Narrador (Gustavo):
- Desse modo, o homem negro, torna-se o maior poeta simbolista do seu tempo. E critica os ‘’papas’’ da arte parnasiana:
Cruz e Souza (Macksine):
- Concede, Sol, que nem mesmo os Papas, que têm à cabeça as veneráveis orelhas e os chavelhos da Infalibilidade, para aqui não venham com solene aspecto abençoador babar sobre estas páginas os clássicos latins pulverulentos, as teorias abstrusas, as regras fósseis, os princípios batráquios, as leis de Crítica-megatério.
Cena Final:

Ao fim, um homem (Gustavo) com longas madeixas e barba, que vem a caminhar de longas distâncias com uma bata e sandália de couro, aparece e abençoa Cruz e Souza, levando-o em sua caminhada.

Grupo: 
Gustavo, Fernanda e Macksine. 



Intertextualidade (Parnasianismo e Simbolismo)

Intertextualidade

INTRODUÇÃO
O parnasianismo e o simbolismo foram movimentos que deixaram marcas na cultura brasileira, ambos surgiram a partir da poesia, porém enquanto o parnasianismo era contrario ao sentimentalismo romântico que, segundo eles, retirava as verdadeiras características da poesia, o simbolismo se apropria desses princípios.
O objetivo deste trabalho é analisar as características literárias do parnasianismo e do simbolismo identificando aspectos da forma, conteúdo e ideias implícitas aos mesmos. 
As obras adotadas foram: A crônica “Antônio Conselheiro” de Olavo Bilac, O soneto XIII- Via Láctea do mesmo autor e o poema Oração ao soldo livro “Missal” de Cruz e Sousa. Dessas poderemos partir para uma análise histórica de contexto e ordem cronológica e posteriormente estudá-las a partir de um ponto.
Não por acaso foram escolhidas obras de Olavo Bilac, o chamado príncipe do parnasianismo, ele consegue manter as rigorosas regras do movimento apesar de fazer uso de conteúdos românticos. Cruz e Sousa apesar de ter herdado a linguagem requintada do parnasianismo trouxe também a criatividade, e inaugurou o simbolismo no Brasil.
DESENVOLVIMENTO
1. Histórico e contextualização por ordem cronológica
A obra Via Láctea de Olavo Bilac foi publicada no ano de 1888, ano em que foi abolida a escravidão no Brasil coincidindo assim com sua estreia literária. Nesse contexto de transição do século XIX para o XX se misturavam escritores realistas e parnasianistas com ainda presentes vestígios do romantismo.
O parnasianismo é contrário ao romantismo, queriam retirar essa essência dos poemas e instalar uma nova: Arte pela arte. Essa característica parte do suposto de que a arte é autossuficiente, justificada apenas por sua beleza formal, mostrando-a sem utilidade ou compromisso.
Outra importante característica desse movimento é o culto as formas, a arte parnasiana propôs uma linguagem mais objetiva, porem requintada, elaboração formal com rimas ricas e metrificação rigorosa. Havia ainda a preferencia pelo soneto e o uso da descrição. Olavo Bilac foi um importante autor parnasiano, uma de suas obras de grande importância é o hino da bandeira, que mantém as características citadas acima.
No soneto XIII é perceptível à presença da formalidade na escrita, rimas ricas e a metrificação, porém com fundo romântico.
O livro “Missal” publicado no ano de 1893 é considerado o início do simbolismo no Brasil, o movimento nasceu quando o parnasianismo pairava em prestigio, portanto não foi muito bem aceito. O Brasil estava em um contexto de instalação da republica, e ao mesmo tempo da entrada de imigrantes iniciando um processo de urbanização e crescimento acelerado.
O simbolismo vinha de uma atmosfera que retoma aspectos românticos, como por exemplo, a clara característica do subjetivismo, representando uma ruptura radical com o realismo e o naturalismo. Ele trás consigo novas propostas estéticas, estando intimamente ligadas à filosofia, as ciências da natureza, volta seu ideal ao sentimento, espirito e etc.
Uma das características principais era o individualismo, com uma visão pessoal da realidade e não se preocupavam com princípios estéticos que se aplicavam ao parnasianismo. O transcendentalismo com a fala sugestiva, utilizando de artifícios como metáforas, colocando a intuição acima da lógica e a composição de versos utilizando a musicalidade das palavras eram características do movimento.
“Antônio Conselheiro” é uma crônica de Olavo Bilac lançada em 1896, ano em que ocorreu a Guerra de Canudos na Bahia, nesse mesmo ano também ocorreu à primeira epidemia de febre amarela em São Paulo.
2. Análise das obras pelo tema
O Soneto XIII gira em torno do autor que conversa com as estrelas e é capaz de ouvi-las, e nesse contexto as outras pessoas acreditam que ele perdeu o senso ou enlouqueceu, porém ele esclarece que é necessário amá-las para entender e ouvi-las. O autor fala das estrelas como se fosse a mulher amada, com quem ele nunca foi correspondido, assim passa as noites a imaginar conversas com essa pessoa.
“Oração ao Sol” presente em “Missal” retrata uma oração marcada pelo subjetivismo e pela transcendência, ao fazer essa oração ele se mostra contra o parnasianismo pedindo proteção dos chamados “papas” e cultua o sol, como um elemento espiritual. Tem o aspecto individual de uma oração e o uso da linguagem rebuscada, características do simbolismo.
A obra mais criticada é “Antônio Conselheiro”, pois Olavo Bilac escreveu a narração como se fosse o próprio diabo, sem dar a real importância para o fato ocorrido e descrevendo Antônio Conselheiro como um louco e criminoso sem analisar o contexto social envolvido.
CONCLUSÃO
Ao estudar essas obras constatamos que elas traçam uma exemplificação do parnasianismo e do simbolismo, apresentando características que se diferem em vários aspectos apesar de terem uma origem parecida. As únicas semelhanças que são possíveis inferir é a data em que foram lançadas, fim do século XIX, e a presençada crônica e do soneto no movimento parnasianista. O que se pode notar é que as três obras utilizam o recurso da intertextualidade, no soneto com o romance de Olavo Bilac, na crônica com o momento histórico da Guerra de Canudos e na “Oração ao Sol” com critica aos parnasianistas.

Estudar obras desse período é uma forma de aprender sobre essas características literárias, compará-las permite uma melhor compreensão de aspectos que vão além do que está escrito, passando assim a analisar as emoções do autor. Daí a importância de pesquisar e conhecer acerca das composições literárias e seus movimentos. 
BIBLIOGRAFIA

GRUPO
Fernanda 
Gustavo 
Macksine 


Unidade Escolar Padre Manoel da Nóbrega
Literatura Brasileira
Escolas Literárias







A INTERTEXTUALIDADE ENTRE
O SIMBOLISMO E O PARNASIANISMO
UTILIZANDO OBRAS REFERENTES A ESSAS
ESCOLAS LITERÁRIAS



                                                                               Docente: Fernanda Araújo
                                                                               Discentes: Jhonathan Brito
                                                                                              Renislane Silva
                                                                                             Victória Alves
                                                                                                                                                              





Guanambi,

Agosto de 2013




1.      Introdução
Este trabalho tem como objetivo estudar a intertextualidade de obras pertencentes a diferentes escolas literárias, com isso, escolhemos uma crônica e um poema escritos por Olavo Bilac, integrante do parnasianismo e um capítulo do livro “Missal” da autoria de Cruz e Souza, que é simbolista, a fim de compará-los não só quanto ao estilo, mas também quanto as suas perspectivas temáticas.
As duas escolas literárias escolhidas, surgiram no século XIX e tiveram grandes representantes, podemos destacar no Parnasianismo: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Vicente de Carvalho. Já no Simbolismo destaca-se: Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens. Não podemos nos esquecer de que ambas as escolas abandonaram o exagerado sentimentalismo dos românticos.
Começamos fazendo uma breve descrição, do conceito de intertextualidade, seguida de uma síntese do que foi o Parnasianismo e o Simbolismo, não deixando de expor sobre os autores que representaram estes movimentos e finalmente a comparação e o estudo das obras escolhidas.

2.      O conceito de intertextualidade
Quando paramos para ler ou escrever algo, muitas vezes achamos que é necessário apenas o conhecimento do código linguístico, no entanto a compreensão de um texto depende também dos nossos conhecimentos de mundo, das nossas leituras.
Para ser um bom autor é imprescindível que tenha lido outros textos, porque para se criar algo é necessária uma base, algo que já seja do seu conhecimento, para que seus argumentos não sejam vagos.
Deste modo, afirma-se que intertextualidade é a relação, que pode ser implícita ou explícita, entre textos, ou seja, uma continuação de obras já existentes, porém agora expondo o seu ponto de vista.

3.      O estilo e seus autores
Para melhor compreensão do paradoxo entre as obras e identificação da intertextualidade é necessário conhecer um pouco sobre o Parnasianismo e o Simbolismo e também os autores escolhidos.

3.1.Parnasianismo
No século XIX na França, buscando se comprometer com o respeito pela arte, pelo oficio e pelo artifício, alguns poetas logo após o Realismo e o Naturalismo resolvem criar o movimento chamado Parnasianismo, que tinha como lema “arte pela arte”, e pregava um novo modo de fazer poemas. Sendo o nome do movimento inspirado na mitologia grega, pois Parnaso era o nome de um monte na Grécia consagrado a Apolo (deus da luz e das artes) e às musas (entidades mitológicas ligadas à arte).
Os artistas Parnasianos pregavam o “belo” como molde de suas obras, pois tinham obsessão em relação ao rigor da forma e do conteúdo e buscavam a autonomia da arte, defendendo que ela não era meio, mas fim.
As principais características do movimento são a expressão poética do realismo, o uso da rima e de silabas métricas, não podendo deixar de falar do vocabulário erudito utilizados pelos artistas, já que haviam grande habilidade no manejo do verso.
No Brasil, os escritores brasileiros do Parnasianismo, não abandonaram parte do subjetivismo encontrado nas gerações românticas, por isso não foram uma cópia fiel ao modelo que nasceu na França.

3.1.1.      Olavo Bilac
Olavo Bilac foi um poeta e jornalista brasileiro. Escreveu a letra do hino à Bandeira brasileira. É membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Foi um dos principais representantes do Movimento Parnasiano que valorizou o cuidado formal do poema, em busca de palavras raras, rimas ricas e rigidez das regras da composição poética.
Olavo Bilac nasceu no Rio de janeiro, no dia 16 de dezembro. Era filho do cirurgião militar, Brás Martins dos Guimarães e de Delfina Belmira Gomes de Paula. Estudou Medicina e Direito, sem concluir nenhum dos cursos. Dedicou-se ao jornalismo e à poesia. Foi noivo de Amélia de Oliveira, irmã de seu amigo Alberto de Oliveira, que foi impedida de casar por outro irmão que não aceitava a vida de poeta boêmio que Bilac levava.
Pertenceu à Escola Parnasiana Brasileira, sendo um dos seus principais poetas. Sua primeira obra foi "Poesias", publicada em 1888. Nela o poeta já estava identificado com as propostas do Parnasianismo. Sua poesia apresentava várias temáticas. Na linha tipicamente parnasiana, escreveu sobre temas greco-romanos. Fez várias descrições da natureza, indicando uma herança romântica.
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac morreu no Rio de Janeiro,
no dia 28 de dezembro de 1918.

3.2.Simbolismo
Procurando refletir sobre a consonância e as diferentes formas de olhar o mundo, de ver e demonstrar o sentimento humano, também surgiu na França, no final do século XIX, o movimento Simbolista.
O individual entra em destaque nas obras dos simbolistas, pois defendiam o interesse pelas coisas particulares e a desvalorização dos atributos da realidade. Sendo as obras baseadas em temas que não tratam da realidade física, mas do misticismo, das coisas espirituais, mais abstratas.
Assim percebemos que as principais características do movimento são a linguagem simbólica, a imaginação da realidade, a evocação dos sentimentos na poesia e também as alusões a elementos evocadores de rituais religiosos.

3.2.1.      Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.

Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.

Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima do agravamento no quadro de tuberculose.

4.      A intertextualidade entre a crônica “Trabalho Feminino” de Olavo Bilac, o capítulo “Mulheres” do livro Missal e parte do “Soneto XIII – Via Láctea”
 Ao analisarmos cronologicamente as três obras, começamos falando a respeito do livro de estreia do parnasiano Olavo Bilac, do ano de 1888, que está contido em suas páginas uma coleção de sonetos de temática amorosa, denominado Via Láctea. No entanto, no decorrer de nosso trabalho enfocaremos no Soneto V, sendo tema deste os sentimentos e atitudes femininas. Posteriormente Cruz e Sousa, em 1893, escreve o livro Missal que dividido em vários capítulos é de estilo Simbolista. Um de seus capítulos é denominado “Mulheres”, o qual fala a respeito de todos os prazeres que são submetidos pelas mulheres, o ponto de vista dos artistas sobre elas e também o grande enigma que são. Finalmente, em 1901, Olavo Bilac, Buscando exaltar as mulheres, criticando as praticas machistas e se baseando no sentimentalismo, publica na Gazeta de Notícias sua crônica “Trabalho Feminino”.
Numa primeira abordagem recorrendo apenas aos títulos das duas ultimas obras, pode-se perceber a relação, que é a temática sobre as mulheres, sendo o termo “Mulheres” usado em seu sentido literal para identificar o conteúdo do texto. Já o “ Trabalho feminino”, também tem como tema mulheres, mas em outro ponto de vista mostrando o cotidiano da figura feminina na sociedade.
No decorrer dos textos percebemos que ambas trazem a personalidade e o cotidiano das mulheres, porém a crônica as caracteriza fisicamente, ou seja, não dá tanta ênfase ao interior de cada uma, não fala sobre os sentimentos como faz o segundo.
Outro aspecto que pode-se discutir a respeito das duas obras é quanto a classe social das mulheres representadas em cada uma, pode-se perceber claramente que a crônica se baseia em uma mulher pobre, pois além de descrever isso, descreve-se também a rotina diária típica de pessoas de renda baixa. Já o capítulo do livro nos dá a ideia de uma senhora da alta sociedade, as exaltando como deusas, que podem ser provadas com termos (como “aureolas”, “sedosos”, “palácio”) usados pelo autor.
Ambas falam da beleza feminina, de quão bondoso é o espírito das mulheres, mas em “Mulheres” o autor diz que por trás de tudo isso há um grande enigma, então vemos um elo de ligação com o “Soneto V”, ela fala do grande mistério que são as mudanças de humor repentina da figura feminina, chegando a denominar como loucura.
Ainda comparando o “Soneto V” com “Mulheres”, tem –se uma frase do último que se encaixa perfeitamente com a primeira estrofe do soneto, pois quando diz: “... os seus momentos horríveis de crise hiper-histérica sem causa determinada...”, associa-se claramente o mau humor, ou mesmo, segue o mesmo contexto do soneto, no que diz respeito a sisudez e modo grave de mulher.
O ponto de vista masculino é presenciado em todas as obras, porém não apresenta similaridade quanto ao conteúdo, pois no “Soneto V” mostra o momento em que tentam descobrir quais os enigmas humorísticos femininos. Em “Mulheres” o tema tem mais foco na sexualidade, por isso os ideais masculinos são baseadas nas tentações e desejos provocados pelas mulheres, que são tratadas como arte. Já na crônica o ponto de vista mostrado é o egoísmo masculino, que se negam a abrir mão do poder que desde tempos remotos é centralizado nas mãos dos homens, no entanto o cronista se opõe a esses, pois ele tenta abrir todas as portas para as mulheres.
Agora falando sobre o relacionamento entre os dois sexos, no “Missal” mostram mulheres se apaixonando por artistas estabelecendo entre ambos uma claridade e harmonia de sentimentos, porém na crônica, relata apenas mulheres sendo apaixonadas por homens quaisquer, miseráveis e que não ligam para a família, por isso elas tem que trabalhar para sustentá-los.

5.      Conclusão
Diante das três obras analisadas, pode-se perceber, que mesmo sendo cada uma com gêneros textuais diferentes consegue-se abordar uma mesma temática, exaltando a beleza feminina, porém divergem-se quanto as atitudes cotidianas de cada uma, se diferem também quanto ao rumo que tomam, pois por ordem cronológica, o primeiro foca no humor, o segundo no sentimento e o terceiro nas atividades diárias.
O estudo leva-nos a questionar a diferença entre as duas escolas literárias e a influencia da intertextualidade, que coincidentemente há uma grande relação, pelo fato de ambas falarem sobre mulheres, e serem escolas surgidas praticamente no mesmo período.

6.      Referencias bibliográficas


  

7.      Anexos
UM DIA DE CHUVA!
Rê: Era uma manhã de sábado, por incrível que pareça chuvosa! O dia estava se afastando aborrecido e pesado, numa enxurrada de lama, sob o açoite frio dos aguaceiros, cheio de uma melancolia que nada pode dissipar.
Naquela manhã o grande cronista, acomodado em sua poltrona lia atentamente, desejando escrever uma nova crônica, quando deixou o livro cair, levantou-se, abriu a janela e olhou entediado ao céu e a rua. E resmungou baixinho:
Jhon: - Não se vê ninguém. Quem há de se atrever a afrontar a dureza desta úmida manhã, toda de choro e enfaro?
Rê: E como resposta para aquelas indagações lá vem cosido a parede, um vulto apressado, era uma mulher, que vinha com as roupas encharcadas, sob um puído guarda-chuva gotejante. Toda aquela cena havia deixado o cronista pensativo, que agora passara a refletir sobre as mulheres venerando-as.
Jhon: - Fico a pensar no sofrimento dessa pobre mulher que parece ser fantasma da pobreza, vitima de uma dura sorte, em busca do pão com que há de alimentar os filhos pequenos. Angustia-me lembrar da existência de homens que não as valorizam, que não lhes ouvem a vaporosa musica embriagante do vinho dos encantos da voz e do sorriso; não lhes sentem o perfume delicado de úmidas bocas purpúreas, de níveos colos cor de camélia, de veludosos seios macios com a alva plumagem fresca de um pássaro real, que apenas as amam e gozam sensualmente, à lei da sexualidade. Enquanto isso, poderiam simplesmente inundar-se no esplendor da beleza das mulheres, fluir delas toda a fremente carícia, possuí-las, domina-las sem hesitações e embaraços estranhos.
Rê: A mulher se aproximava da sua janela e ele continuava a repará-la atenciosamente. E então quando ela chegou a sua direção, disse-lhe:
Jhon: - Senhora!
Rê: Assustada ela olha e diz:
Vih: - Pois não?!
Jhon: - Entre e espere a chuva passar.
Vih: - Não posso, tenho uns assuntos para resolver. E nem sei quem é você.
Jhon: - Faço questão, vai acabar pegando um resfriado, sou apenas um humilde cronista.
Rê: Depois de tanto insistir o cronista acabou convencendo a senhora.
Jhon: - Sente-se senhora.
Vih: - Estou muito molhada.
Jhon: - Não se preocupe, fique a vontade.
Rê: Um momento de silêncio tomou conta do ambiente e foi quebrado quando o cronista diz:
Jhon: - Enquanto a senhora caminhava pelas calçadas eu a observava e pensava em como, de um modo geral, nós, que só conhecemos as senhoras da nossa roda, pensamos que todas as mulheres são melindrosos alfenins que qualquer trabalho fadiga. Mas as que conhecemos são as flores humanas, cuidadosamente criadas na estufa da civilização; são uns encantadores e estranhos animais, metade anjos, metade demônios, tão sedutores e amáveis quando abusam da sua influencia celestial como quando abusam da sua influencia satânica.
Vih: - Já ouvi dizer que só um artista sabe ver fundo o delicado ser das mulheres e penetrar nas sutilezas, nas direções variadíssimas e múltiplas que toma o seu espírito.
Jhon: - A senhora me disse que havia alguns assuntos para resolver, algo de muito urgente?
Vih: - Estava a caminho do Ministério da Fazenda.
Jhon: - Ministério da Fazenda?
Vih: - Sim, estou lutando por uma vaga no concurso que haverá lá.
Rê: Com cara de espanto o cronista se dirige a sua escrivanhia, pega um jornal e vem dizendo:
Jhon: - Não creio que seja a senhora a mulher da qual falam numa matéria pulblicada a três dias atrás.
Rê: A notícia a que o cronista se referia dizia assim: “Pela primeira vez, foi enviado ao Ministério da Fazenda um requerimento de uma senhorita pedindo para se inscrever no concurso, a fim de exercer um emprego no Ministério”.
Vih: - Sim, fui eu mesma. E estava indo lá, justamente porque o senhor ministro resolveu indeferir o mencionado requerimento.
Jhon: - Não concordo com tais atitudes, estas são justificadas pelo egoísmo masculino, que prefere deixar a vida a deixar o poder.
Vih: - A sociedade julga as mulheres como encarregadas de vigiar o fogo sagrado, a depositária das tradições da família e das chaves da despensa.
Jhon: - Não entendo o motivo, não sei o porquê de uma mulher não poder exercer um emprego da fazenda, não sei também o que há de misterioso e sagrado de recôndito e impenetrável no exercício dessas funções que, não possa ser devassado e apreendido pelo espírito de uma mulher.
Rê: O cronista dizia isso porque defendia que a linguagem feminina, algumas florituras de frases passageiras constituem, de certo modo, um tecido primoroso, os fios delicadíssimos com que a Arte Contextura, urde a tecelagem da Forma.
Vih: - Talvez achem que não somos capazes de contabilizar o dinheiro, mas para que melhor contabilidade do que ter que dividir corretamente um punhado miserável de dinheiro para alimentar, educar e vestir nossos filhos?!
Rê: Para o cronista o que excita o artista, seja nos átrios claros de palácios ou em toda parte é simplesmente a forma, é toda essa roupagem deslumbrante que faz as mulheres parecerem auroras boreais.
Jhon: - Acho incrível, que vocês mulheres não se importam se a tarefa é rude, se os pulmões se enfraquecem se calejam as mãos ou se vai embora a beleza, o que importa apenas é que a casa prospere. Aposto que a senhora à noite, derreada e quase morta de cansada, como uma heroína senta-se junto à maquina Singer para dar conta do serão.
Rê: A chuva havia passado e então a mulher começa a se despedir.
Vih: - A chuva passou, preciso ir, foi um prazer cohece-lo. Espero que nos encontremos mais  vezes.
Jhon: - Ainda é cedo, mas vá em frente, pois quem é capaz de fazer tudo isso tem o direito de aspirar a um lugar de amanuense de secretaria! E faço questão de lhe dedicar a minha próxima obra.
Rê: Assim, o cronista abriu a porta e a senhora se retirou. E então ele retorna a janela dizendo o grande ser que são as mulheres, que é algo de difícil compreensão e que ninguém saberá ver na mulher esse complicado segredo de nervos.
E assim como prometido, o seguinte fragmento, é parte do poema que o cronista dedicou àquela senhora que agora trabalha no Ministério da Fazenda.
“Senhoras humildes e imperiosas,
Que multiplicam os pães,
Oh mulheres nebulosas!
Sóis são finos astros, chamadas mães.
No esplendor da sua beleza
Brotam conforto no lar
Esses doces frutos, com clareza
São devidas as lagrimas que deixam derramar!”





Conversa

Anteontem, por horas mortas,
saía  de um teatro. Rua central da cidade,
deserta há essa hora avançada da noite,
vi sentada uma menina.

Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E as vozes sobem claras, cantantes, luminosas como astros.
Permitem que um instante repouse na calma das Ideias.

E a sua meia-língua infantil, espanholada,
disse-me cousas que ainda agora me doem dentro do coração.
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la.
O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão.
Segui o meu caminho, com a morte na alma.

E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.





Grupo: Rhana-Rômulo-Samantha
A Intertextualidade das obras literárias

     O Brasil já serviu de palco para as mais variadas e diferentes escolas literárias como o Romantismo, o Naturalismo e o Realismo. Outras que se destacaram foram o Parnasianismo, movimento literário essencialmente poético que surgiu primeiramente na França, em 1850, e o Simbolismo, tendência literária da poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como oposição ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo da época. Alguns textos se tornaram conhecidos como a crônica “Antônio Conselheiro”, escrita por Olavo Bilac, considerado por alguns como o maior escritor do Parnasianismo, o soneto “XIII-Via Láctea”, produzido novamente por Olavo Bilac e o livro “Missal”, escrito pelo poeta João da Cruz e Souza.
     O soneto de Olavo Bilac, escrito em 1888, contêm 14 versos e quatro estrofes. Não apresenta refrão. Apresenta uma métrica fixa com 10 sílabas poéticas, sendo, portanto, versos decassílabos, o que é uma característica marcante do movimento parnasianista (métrica rigorosa). Nele se percebe uma certa admiração pelos astros (sol, estrelas), ou seja, pela natureza, outra característica da escola literária. O eu lírico conta a história de um amigo que diz se comunicar com a via láctea, enquanto o primeiro acusa-o de ser louco.
     O livro escrito por Cruz e Souza em 1893, foi produzido em prosa e faz parte da escola literária do Simbolismo. Por ser ainda a sua primeira obra na linha simbolista, não consegue atingir a sublimidade e a alquimia verbal que existiam nas suas realizações anteriores. É importante se lembrar que a poesia brasileira praticamente desconhecia a prosa entre suas publicações, o que obrigou a um certo estranhamento ao "Missal". Seu livro abandonava o dignificado explícito e lógico para buscar a ilogicidade e a sugestão vaga, regras de fundamental importância para a poética simbolista. O conteúdo do "Missal" é como uma prece ou oração à Deus, portanto, se percebe religiosidade na obra de Cruz e Souza.
     A crônica "Antônio Conselheiro", também do consagrado escritor parnasianista Olavo Bilac, foi escrito em 1896 e é uma forma encontrada pelo autor para criticar como um caso insignificante, sem importância, ganha enormes dimensões no Brasil. Também não deixa de expor a sua opnião sobre o líder do movimento de canudos, que, pelo menos para ele, seria um salteador neurótico, um criminoso que deveria ser enxotado com pedras e armas de fogo. Se mostra preconceituoso e sem conhecimento sobre "Antônio Conselheiro". Essa foi a sua primeira crônica sobre o tema, ainda no começo do conflito que aconteceu no nordeste brasileiro.
     Um fator que certamente pode ser utilizado para definir semelhanças entre os textos é as escolas literárias a que pertencem. O primeiro e o terceiro analisados fazem parte do parnasianismo, enquanto o segundo (Missal) pode ser caracterizado como uma obra simbolista. As estórias, no entanto, praticamente não apresentam pontos em comum, já que falam sobre temas e assuntos distintos. Quanto a época em que foram escritos, os três se assemelham: foram produzidos no final do século de 1880-1890. Sobre esse aspecto, uma curiosidade é que o soneto "XIII-Via Láctea", de Olavo Bilac foi escrito no mesmo ano em que a escravidão foi abolida no Brasil. Isso não parece ter influenciado na construção e no conteúdo do poema. Algumas características como um alto nível de descrição estão presentes tanto no livro de Cruz e Souza quanto na crônica "Antônio Conselheiro", mesmo sendo de escolas literárias diferentes.
     E assim se assemelham os textos: características simples em suas estruturas, sem muitas semelhanças nas suas estórias. Como obviamente se deve esperar, cada texto possui semelhanças quase que totalmente apenas com as regras propostas para os seus estilos literários. Não há muito à se esperar de diferente quando se fala sobre a estrutura deles, já que seguem praticamente à risca as definições dos movimentos pertencentes.



Grupo: Rhana-Rômulo-Samantha

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A BONECA

Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: “É minha!”
—  “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca…

                                                        Olavo Bilac