Conversa
Anteontem, por horas mortas,
saía de um teatro. Rua central da cidade,
deserta há essa hora avançada da noite,
vi sentada uma menina.
Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E as vozes sobem claras, cantantes, luminosas como astros.
Permitem que um instante repouse na calma das Ideias.
E a sua meia-língua infantil, espanholada,
disse-me cousas que ainda agora me doem dentro do coração.
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la.
O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão.
Segui o meu caminho, com a morte na alma.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Grupo: Rhana-Rômulo-Samantha
Nenhum comentário:
Postar um comentário